Você sabe como funciona o cálculo dos JUROS no Brasil? Entenda!

A taxa de juros no Brasil é frequentemente alvo de informações equivocadas, e surgem muitas incertezas em relação à taxa Selic. Aqui explicaremos como o cálculo desses juros funciona.

Na ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, foi sinalizado que poderá haver um início de redução da taxa básica de juros, conhecida como Selic, no próximo encontro que ocorrerá em agosto. Atualmente, a Selic encontra-se em 13,75%, um patamar considerado elevado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, para que essa redução ocorra, é necessário que outros fatores na economia se concretizem. Mas como funciona o cálculo desses juros? Aqui você vai entender.

Como é definida a taxa de juros?

Criado em junho de 1996, o Comitê de Política Monetária (Copom), um órgão do Banco Central, tem como responsabilidade definir as diretrizes da política monetária e estabelecer a taxa de juros, de acordo com as explicações fornecidas pela própria instituição. É o Copom que estabelece a meta da taxa Selic, sendo composto por um grupo formado pelo presidente do Banco Central – cargo atualmente ocupado por Roberto Campos Neto – e oito diretores da instituição. No decorrer deste ano, já foram realizadas quatro reuniões do Copom, e ainda estão programadas mais quatro, sendo a próxima agendada para os dias 1º e 2 de agosto.

As reuniões são divididas em duas sessões, sendo a primeira dedicada à apresentação da conjuntura econômica e a segunda destinada à definição da meta da taxa Selic. Segundo informações da Agência Lupa, a inflação é o fator de maior influência na determinação da Selic, porém, a geração de empregos, produtividade e atividade econômica também exercem impacto nas decisões.

A taxa Selic tem se mantido em 13,75% pelo sétimo encontro consecutivo, um valor considerado elevado pelo presidente Lula, que tem expressado críticas desde que assumiu o governo em janeiro. Houve até mesmo um conflito em potencial entre o presidente do Banco Central, Roberto Campos, e Lula, já que Campos foi indicado pelo presidente Bolsonaro em 2019 e seu mandato vai até o final de 2024.

Uso de médias

Um dos posts que se tornou viral nas redes sociais aborda a taxa Selic e apresenta um gráfico com os valores médios das taxas em cada governo federal desde 1999 até 2022. No gráfico, é possível observar que o índice mais baixo ocorreu durante a gestão de Bolsonaro, com uma taxa de 6,3%. Embora os números apresentados sejam corretos, a publicação leva o leitor a uma interpretação equivocada ao sugerir que a taxa sempre foi baixa durante o governo do ex-presidente.

No caso específico de Bolsonaro, é importante destacar que ele assumiu o governo com a Selic em 6,5% e deixou o cargo com a taxa em 13,75%. Arilda Teixeira, doutora em Economia, reforça que a média da Selic não deve ser utilizada para comparar a economia entre diferentes governos. Ela ressalta que durante a gestão bolsonarista houve a ocorrência da pandemia, o que levou à diminuição da Selic. “Reduziu-se o consumo, então, é lógico que os preços caíram em uma proporção e intensidade acima do que vinha acontecendo antes”, explica ela, referindo-se ao impacto negativo na atividade econômica causado pela pandemia.