Como ficou o mercado de COMPRA E VENDA DE MILHAS após o escândalo da 123Milhas?

O programa de milhagem transformado num negócio de terceiros, como o caso da 123Milhas, tornou-se um dos maiores escândalos do país e pesadelo de muitos viajantes

Recuperação judicial, dívidas multibilionárias, inadimplência de inúmeras pessoas físicas e diversas empresas, consumidores impossibilitados de viajar, impossibilitados de usufruir de seus sonhos. A polêmica da 123Milhas tornou-se de conhecimento público e gerou alguma controvérsia na indústria do turismo, a maioria centrada em negócios de pontuação, crédito e programas de fidelidade de companhias aéreas. 

Foto: Avião (Pxhere /Reprodução)

Sobre a 123Milhas 

A empresa, fundada em 2016 em Belo Horizonte, começou a atuar como intermediária entre empresas que vendem milhas e clientes que buscam passagens aéreas mais baratas. Posteriormente, a 123Milhas passou a oferecer reservas de hotéis, pacotes de viagens, aluguel de automóveis e seguros de viagem.

Entendendo o caso 

No dia 18 de agosto, a 123 Milhas suspendeu pacotes e emissão de passagens promocionais com embarques previstos a partir de setembro de 2023, o que levou à abertura de uma série de ações judiciais contra a empresa por parte dos clientes.

Além disso, a empresa realizou uma demissão massiva de parte de seus funcionários. A 123Milhas disse que está devolvendo os valores pagos pelos clientes por meio de vouchers, que podem ser trocados por passagens, hotéis e pacotes da própria agência.

No entanto, os consumidores afetados relataram que estão impedidos de utilizar os vouchers em novas compras. Os advogados afirmam que o consumidor tem direito a receber o dinheiro de volta, inclusive com correção de juros, ou exigir o cumprimento do contrato.

Recuperação judicial

A 123Milhas teve seu pedido de recuperação judicial acatado pela justiça em 31 de agosto. Com isso, a justiça determinou a suspensão das ações e execuções contra os devedores pelo prazo de 180 dias, trazendo um alívio para a empresa.

Vale destacar que a recuperação judicial é uma medida para evitar que uma empresa em dificuldades financeiras feche as portas. A empresa endividada ganha um prazo para continuar operando enquanto negocia com os credores, tudo sob mediação da Justiça.

Todas as dívidas ficam congeladas por 180 dias e o funcionamento da empresa é mantido. Em nota de imprensa, a 123Milhas afirmou que o pedido “visa garantir o cumprimento dos compromissos assumidos com clientes, ex-colaboradores e fornecedores”.

Esclarecimentos da 123Milhas 

No documento enviado à Justiça, a empresa afirma que a expectativa frustrada de redução nos preços das passagens aéreas pós-Covid também é motivo da necessidade de reestruturação. 

Segundo o 123Milhas, “houve, de facto, um aumento significativo da procura (muito superior à oferta) de voos nacionais e internacionais”, o que, “combinado com o aumento do preço do combustível de aviação, provocado pela queda do real em relação ao dólar e ao aumento da inflação, fez com que o preço dos ingressos e pacotes subissem, impossibilitando a 123Milhas de adquirir tais produtos nos termos contratados com seus clientes”.

Outros fatores citados pela empresa são a precificação das passagens pelas companhias aéreas, que agora exigem um número maior de pontos e/ou milhas para emissão de passagens, e a implementação de novas regras na indústria aérea que beneficiam os clientes.

A companhia pode falir?

Segundo a 123 Milhas, sua linha de pacotes promocionais representa apenas 7% de todos os embarques feitos pela companhia em 2023. Além disso, a empresa reconheceu que os demais produtos propostos permanecem inalterados.

No entanto, a colocação da empresa ainda gera entendimentos diferentes entre os especialistas. Em suma, enquanto alguns advogados reforçam que esse cenário já pode servir como um sinal de alerta para a situação financeira da 123 Milhas, outros apontam ser necessário esperar mais esclarecimentos por parte da companhia.

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