Vilão ou aliado? Por que o cartão de crédito é o inimigo do nome limpo
Cartão de crédito lidera endividamento no Brasil, revela pesquisa, com consumidores enfrentando desafios financeiros com aumento das despesas.
Pelo segundo ano consecutivo, o cartão de crédito mantém sua posição como a principal fonte de endividamento para os consumidores brasileiros, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) referente a outubro. A relevância do cartão nesse cenário persiste, com um aumento anual evidente.
Cartão de crédito como principal causador de endividamento
Os dados revelam que, entre as causas de dívidas, o cartão de crédito lidera com uma significativa margem em relação a outras modalidades. Em outubro, o cartão foi responsável por 87% do endividamento, seguido por carnês (17%), crédito pessoal (9,4%), financiamento de casa (8%), financiamento de carro (7,8%), crédito consignado (5,3%), e cheque especial (4,6%).
Comparativamente, no ano anterior, o cartão de crédito também liderava, mas com uma parcela ligeiramente menor de 86,2%.
Facilidade nas transações
Os números destacam a persistência do cartão de crédito como um fator preponderante nas finanças dos brasileiros, reforçando seu papel central no endividamento. A conveniência do parcelamento sem juros, aliada à praticidade nas transações, tem contribuído para a popularidade do cartão, mas seu uso descuidado pode resultar em consequências financeiras adversas para os consumidores.
Dados da pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor (Peic)
A Peic revelou que, em outubro, o percentual de endividamento experimentou uma redução pelo quarto mês consecutivo, atingindo o menor patamar desde fevereiro de 2022, registrando 76,9%. Essa diminuição, embora sinalize uma tendência à queda, ainda deixa claro que o endividamento continua elevado.
Disparidade no endividamento
A análise por faixas de renda destaca a disparidade na distribuição do endividamento. Os grupos com menor poder aquisitivo apresentam os maiores contingentes de endividados, especialmente entre aqueles que recebem de 0 a 3 salários mínimos (78,7%) e de 3 a 5 salários mínimos (77,2%). Essa observação reforça a vulnerabilidade financeira dos consumidores com menor renda.
É relevante notar que, embora as famílias de baixa renda tenham apresentado uma leve melhora em relação ao endividamento no último mês, os brasileiros com renda entre 5 e 10 salários mínimos enfrentaram uma pequena piora em sua situação financeira.
Uso consciente do cartão
O cenário traçado pela Peic ressalta a importância de estratégias para um uso mais consciente do cartão de crédito, especialmente entre os consumidores de menor poder aquisitivo. A disseminação de informações sobre educação financeira e o estímulo a práticas responsáveis podem desempenhar um papel fundamental na mitigação do endividamento, contribuindo para uma gestão financeira mais saudável.
A persistência do cartão de crédito como principal fator de endividamento, a despeito de uma redução recente no percentual geral, destaca a necessidade contínua de conscientização financeira e de estratégias direcionadas para lidar com esse cenário desafiador que afeta significativamente a vida financeira dos brasileiros.